quinta-feira, 19 de julho de 2012

Quero ser Enfermeira!...



Dizem que sou Enfermeira!
Mas ainda não o fui...
Uma licenciatura não mo faz ser, senão o tempo...

Para mim ser Enfermeira, é mais do que uma profissão...
É uma aprendizagem de como cuidarmos uns dos outros!
É uma homenagem às mãos que cuidam, que tocam e que confortam...

Ser Enfermeira é acompanhar ciclos de vida!
É ajudar a nascer, é ajudar a morrer, é ajudar a viver e a tirar bom proveito!

É treinar os cinco sentidos para observar, vigiar, escutar, compreender e dizer coisas verdadeiras... é trabalhar a esperança e contornar o desespero, conviver com a dor e com o medo!

É
comunicar com toda a expressão corporal e se necessário com a boca!

É ser um pouco de tudo!
É optar pela pessoa humana e ser juiz do melhor para esta...
É fazer escolhas erradas, quando se pensa estar a fazer o melhor, quando o outro não é capaz de se proteger ou manifestar as suas intenções...
É errar com o outro e ir aprendendo cada dia!

É pensar a dignidade!
E cuidar, cuidar muito!

Ser Enfermeiro é ser pessoa! É ser sensível e sentir!
É deixar que o amor seja o ponto fulcral da acção e trabalhar como se vive! Assim, tão verdadeiramente como simplesmente ser... sendo o ser o olhar o outro como nós ou alguém  melhor que nós!

Quero ser Enfermeira!
E apesar de me assustar o modelo que hoje temos, e o chamar-lhe "apenas uma profissão", acredito que conseguimos cuidar melhor uns dos outros...

Por isso, aqui vou eu... a caminho de ser realmente uma Enfermeira!


sexta-feira, 29 de junho de 2012

"É a Vida!" [FIM]


E assim terminamos a maratona "É a Vida!" 
Espero que tenha sido uma boa viagem!


"É a Vida!" [40]

Existem também LUTOS PROIBIDOS!
São lutos que não são aceites socialmente como o caso de pessoas homossexuais, com modificação de identidade, casos de infidelidade, pessoas com SIDA e casos de violação e abortos. Lutos que se dão de forma oculta, dolorosa e solitária...



A relação com a menopausa ou a amputação de um seio, muitas vezes, são exemplos de PERDAS OCULTAS!


É importante o rito, uma demonstração pública do luto para melhor aceitação da realidade! É importante a expressão de sentimentos, a partilha, sem o sentimento de culpa... 


Existe um bloqueio à bondade humana
pela discriminação e situação social!


É uma amputação ao amor, não permitirmos que os outros vivam e sintam por não "validarmos" o seu amor...

Quem ama à margem passa a ter uma homofobia interna!
No luto proibido quem nos rouba os ente queridos não é a morte, mas a própria vida...

Na sociedade somos o vírus que quisermos e contagiamos com homofobia ou com compaixão...

A falta de apoio social, o não ter quem se sente para chorar com, leva muitas vezes a um luto dito patológico...
Os homossexuais têm muitas vezes necessidade de ocultar a relação e quanto mais vulnerável a pessoa maior a discriminação.

O ter de silenciar o que lhes dá sentido à vida!

Os pais quando descobrem podem apresentar uma resposta emocional repugnando o próprio filho, uma resposta cognitiva que os leva a pensar na aceitação e/ou  uma resposta comportamental acabando por colocar o filho fora de casa!
Muitas vezes os pais, numa primeira fase, negam-se a aceitar e perguntam para si "porque é que ele nos contou?", de ressentimento sobre "porque nos fez ele isto" e de culpa perguntando"que fizemos de mal?" Posteriormente, numa segunda fase, surge a preocupação de "o que vão dizer os nosso vizinhos?" e "será que podemos contar à nossa família?".


Nos casos de pessoas com SIDA existe ainda, muitas vezes, associado o pensamento de que a pessoa afectada levou uma vida promiscua.
A atitude da sociedade perante a pessoa deveria ser uma aceitação incondicional... "eu não me importo o que viveste ou como viveste, eu respeito e vejo a tua dor como algo sagrado. A mim não me importa!"


Quando são casos de infidelidade, em que ocorre a morte do amante, pode surgir ainda a situação de desprotecção dos filhos e a falta de uma "herança" emocional como fotografias e objectos...
No aborto, a necessidade do perdão, que se torna difícil pela baixa auto estima...
Nas violações, o silêncio que lhes está associado!


"É a Vida!" [39]


Alguns factores protectores do luto complicado podem ser trabalhos,
como é o exemplo das crenças religiosas.
Deve-se perceber a pessoa que está em luto e não o luto da pessoa.... perceber se existe um processo de luto ou uma depressão, pois implica cuidados diferentes!

O outro que vai ao encontro da pessoa em luto deve estar liberta de medos pessoais sobre a própria morte, disponível para um encontro verdadeiro e capaz de uma honesta aproximação!


"É a Vida!" [38]

As tarefas do luto passam por aceitar a realidade da perda e trabalhar as emoções e a dor associada... Incluem a adaptação das pessoas a um ambiente em que a pessoa falecida está ausente e a recolocação, da pessoa falecida, emocionalmente e prosseguir com a vida...


"...pensar na vida anterior e continuar, pensar na vida anterior e continuar, pensar na vida anterior e continuar, pensar na vida anterior e continuar, pensar na vida anterior e continuar,..."


Aprender a ter a pessoa, sem a agarrar!


"É a Vida!" [37]

Fases do processo de luto...

Descrença, choque, negação (é importante que ocorra como amortecedor)
Consciencialização (desorganização, desespero)
Restabelecimento (reorganização, recuperação)


É importante notar o tempo e a rigidez com que se dá cada fase
para que não se torne nada patológico!


"É a Vida!" [36]


A perda pode ser algo real ou simbólico como a perda de um ideal, de uma expectativa...
A perda é algo comum, todos a vivem... mas único!
Diferente pela naturalidade e experiência da perda e pela personalidade da própria pessoa...

A perda acontece-nos a nível físico, espiritual e também social!


"É a Vida!" [35]

Na doença prolongada é importante....

o controlo de sintomas
a informação e  a comunicação
a evolução da doença
apoio sócio-familiar e condições sociais
biografia anterior
estratégias de conforto
estabelecimento de objectivos realistas
cobertura das necessidades espirituais


"É a Vida!" [34]


Morte: o naufrágio!?
Etapa inicial: o confronto (medo, inquietação, preocupação)
Etapa crónica: a vivência da doença
Etapa final: aceitação da morte


"É a Vida!" [33]

....entender que as "catástrofes" humanas também são naturais!...


"É a Vida!" [32]

Às vezes aquele que vai morrer consegue fazer um caminho mais "adequado" do que os cuidadores....

Os cuidadores sentem, por vezes, culpa de continuar vivos quando o outro morre (culpabilidade do sobrevivente) e de não terem feito tudo para salvar o outro (fantasma de omnipotência)

Surgem sentimento de culpa de, por vezes, desejar a morte do outro, de ansiar por ela quando a agonia se arrasta...


Como se "dar licença para morrer" fosse a tradução de um fracasso de amor...


O sentimento de culpabilidade deve ser trabalhado antes que a morte chegue...
Não conseguimos tirar o sofrimento, mas podemos e devemos acompanhar a sofrer!


"É a Vida!" [31]

Quando confrontados com a nossa própria morte surge o medo da separação daqueles que amamos, medo de que a ruptura dos laços provoque o esquecimento, medo de assistir à própria degradação física e talvez mental, medo de perder uma certa imagem de si, de perder o controlo das coisas, de perder a autonomia e de ficar dependente...


"É a Vida!" [30]

O perdão mantém o outro vivo!
Perdoar-me mantém-me viva!
Perdoar-me e perdoar...


"É a Vida!" [29]

Morro com ele...
E a perda dá espaço a surgirem coisas novas!
 Agora vive em mim de outra forma
PERTENCE-ME

"É a Vida!" [28]


A PERDA leva ao surgimento de novos sentimentos dos quais, muitas vezes, as pessoas não sabem lidar e, por isso, têm tendência a fugir.

O negativo da morte é ela não ter sentido, por isso a necessidade de lhe dar um sentido!
O segredo está em lhe dar lugar e não em arrancá-la como se de espinhos se tratasse...
Andará em rebuliço enquanto não encontrar o seu lugar!

"Quando um rio não desagua torna-se uma contradição!"


A percepção da morte leva-me à procura do sentido do que vivo e a respeitar a (fragilidade da) vida dos outros. A felicidade nasce assim da possibilidade de mudar, de crescer, de aprender...

Pergunta errada:
Porquê? Que mal fiz eu?

Pergunta certa:
Como? Para que? Onde isto me leva?


segunda-feira, 30 de abril de 2012

"É a Vida!" [27]

"Morte de um Filho


Mesmo que não seja filho único, quando nos morre um filho, como o meu Daniel Luís, a sua morte é a morte de uma parte do eu próprio, parte que não vai ser simbolicamente imortalizada.

...

Dos seis filhos que tivemos, o Daniel Luís, foi o segundo, rapaz como o primeiro, e a ele sucederam-se quatro raparigas.

Como algumas vezes sucede com os filhos segundos, manifestou desde muito cedo uma grande dificuldade em assumir uma identidade pessoal que lhe garantisse estabilidade emocional e capacidade para imaginar e construir um projecto de vida.

Muito difícil adaptação ao ensino, logo na Escola Primária, e penosa progressão até ao nono ano de escolaridade que repetiu e não concluiu.

Não aprendia com ninguém, só aprendia com a vida.

Aos 17 anos, fez-se ao mundo, Espanha, França, Bélgica, Suíça e o mais que nem sei, porque dele só sabíamos alguma coisa quando aparecia em casa onde ficava por curtos períodos. Fazia trabalhos sazonais, apanhou uvas no Sul da França, batatas na Bélgica, cenouras na Suíça, mas esta actividade era só para sobreviver. O que queria era viver intensamente, viajar à boleia para qualquer lugar, correr riscos pesados, experimentar tudo, das drogas leves ao sexo ocasional, sem vinculação a nenhumas regras exteriores, mas só e apenas às regras, poucas e simples, que foi construindo a partir das suas pessoais experiências de vida.

Passaram-se dois anos sem que dele tivéssemos qualquer notícia. Minha mulher e eu assumimos a sua morte, algures na Europa, e vivemos um luto sem nome por ser um luto sem corpo morto.

Um dia chegou, numa Harley-Davidson em 5ª mão, à hora de almoço como se tivesse saído de casa no dia anterior.

Senti a profunda verdade da Parábola do filho pródigo. O irmão mais velho, Manuel, um brilhante aluno, já na Universidade, sempre o tínhamos connosco e o amávamos. Mas aquele estava perdido e voltou, estava morto e ressuscitou, pelo que foi muito grande a nossa alegria e nem uma palavra de censura saiu da nossa boca.

Tinha encontrado um rumo para a sua vida. Era ajudante de cozinheiro num hotel da Suíça e logo que terminasse a validade da sua autorização de permanência viria para Portugal.

Voltou, tirou o curso de cozinheiro numa Escola de Hotelaria e trabalhou regularmente em Lisboa, Algarve e Porto, porque a sua natureza não lhe permitia que estivesse muito tempo num mesmo espaço físico.

Aos 33 anos, morreu.

Pagou um preço elevado pelo prazer de viver na aventura e no risco, mas foi feliz enquanto viveu.

A vida deu-lhe uma profunda e afectiva sensibilidade pelos pobres e pelos vadios (como ele foi), pelos doentes e por todos os que estivessem em situação de sofrimento. Só neste universo tinha amigos e não julgava ninguém. Algumas vezes tive de ir a casas pobres ver idosos acamados com febre e tosse, em fase terminal de tuberculose não tratada, e sentia como o estimavam e o elogiavam.

Nos últimos dias da sua vida, tivemos longas conversas e eu pude reconhecer que a vida que ele viveu, que eu sempre reprovei como uma vida má e insensata, sem valores, sem qualidade, até sem dignidade, segundo os meus padrões, tinha sido vivida com alegria e com intensidade. Quando, dias antes de morrer, me contou, divertidíssimo, como tendo adormecido numa valeta, acordou com um rato a passear em cima do seu corpo, eu compreendi que a felicidade de viver ou o viver em felicidade é um mistério indecifrável que se realiza nas pessoas de muitas formas. 'Na casa do meu Pai há muitas moradas' e eu creio, firmemente que o seu espírito já estará numa delas.

Uma forte hemorragia esofágica obrigou a um internamento urgente num hospital fora do Porto. Fui vê-lo na hora do almoço e estava numa maca para seguir para a enfermaria. Quis acompanhá-lo, mas ele disse-me: 'O Pai tem muito trabalho a esta hora. Não precisa de ir comigo que eu fico bem'. Compreendi que estava a despedir-se e senti que era a última vez que o via vivo. Nesse dia, às 6 horas da tarde, morreu pacificamente sem que nem o doente da cama ao lado se tivesse dado conta, como me disse quando lhe perguntei como é que o Luís tinha morrido.

A memória que tenho da sua vida é uma outra forma de imortalidade simbólica.

Ele está vivo em mim e só morrerá quando eu próprio morrer.

...

Se é verdade... que quando um filho nos morre, nós perdemos o nosso futuro, não é menos verdade que a vida que ele viveu, mais breve ou mais longa, continua presente na nossa própria vida de pais.

Foram necessários dois anos para que esta presença e pertença do meu filho em mim fosse primeiro um sofrimento, depois presença pacífica e, finalmente, uma pertença alegre.

Trago-o comigo com alegria e a sua memória, bem presente, tem-me ajudado a compreender e a aceitar comportamentos e atitudes de muitos à minha volta, que tenderia a rejeitar e que, agora, consigo, como ele o faria, ajudar em vez de censurar.

Somos, assim, feitos de duas metades."
Daniel Serrão


"É a Vida!" [26]


Quando morrermos estaremos nus, pois tudo o que é inútil nos abandonará.
Morreremos no chão e à Terra voltaremos!
Estaremos frente ao desconhecido tal como o lugar de onde viemos!

"É a Vida" [25]

"A morte não existe.
Existo eu e existes tu, que morreremos."
Daniel Serrão



(gostaria só de acrescentar aqui um aparte:  no dia 19 de Fevereiro deste ano, o blog Nau dos Descobrimentos fez 5 aninhos de existência! Estou contente por ele e por aquilo que ele me permite realizar!)


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"É a Vida!" [24]


Como cumprir este desejo de imortalidade?

Existem imensas e variadas formas, que vão variando com a cultura, com a faixa etária e com cada um de nós...

Lifton e Olsen, psiquiatras, mencionaram no passado, cinco formas de uma pessoa satisfazer os seus desejos de imortalidade.
Referiu a componente biológica, criativa, religiosa, natural e transcendental.

O modo biológico apresenta-se como o mais simples e usual.
Um exemplo visível é a transmissão do nome de família, de geração em geração, criando uma genealogia que fará perdurar uma família e seus membros pelos tempos...

No modo criativo a pessoa faz-se simbolicamente imortal através das suas criações artísticas, dos alunos que ensina, do seu desempenho profissional...
Pode dizer-se, que ainda hoje, celebramos a imortalidade criativa de Beethoven, por exemplo, através das suas sinfonias/obras.
Já dizia Camões (ele próprio imortalizado pela obra "Os Lusíadas"): "E aqueles, que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando".
De certa formas podemos dizer que quando uma pessoa oferece a outra um objecto de uso pessoal ou feito pelas próprias mãos, está a imortalizar-se de forma criativa como se dissesse à outra pessoa que sempre que olhasse para o objecto oferecido iria lembrar-se dela.

Por sua vez, no modo religioso existe a convicção de que permanecerá imortal aquele que se ligar espiritualmente a algo eterno. A religião é visto como algo importante por permitir a cada pessoa atribuir um significado à sua vida, trazendo a esperança numa vida futura.

Se inventarmos a imortalidade, através do modo natural, e se pensarmos que a natureza é algo permanente e contínuo, e nós como sendo parte dela, seremos também permanentes e simbolicamente imortais.
Cremar o corpo e lançar as cinzas à terra ou ao mar é assumir o simbolismo desta imortalidade. Outra forma poderá ser através da plantação de um árvore no local onde se colocaram as cinzas de um corpo cremado.
Pelas actividade humana que põe me risco a sobrevivência da vida na Terra, poder-se-á dizer que este modo encontra-se ameaçado.

Relativamente ao último modo, o transcendental, diz-se daqueles que apresentam total desinteresse pela morte pessoal, porque sentem já ter passado para lá da finitude da morte. Este modo passa por uma experiência psicológica, com expressão através da música ou da dança, por exemplo. Este último modo pode muitas vezes ser visto como um escape à angústia gerada pelo medo de morrer.


"É a Vida!" [23]


Temos medo de não termos vivido com intensidade...
Temos medo de que a forma como vivemos não tenha sido suficiente nem com o fulgor necessário para não cairmos no esquecimento...

Este medo fez-nos (e continua a fazer-nos) inventar uma imortalidade simbólica.
A mente humana procurou formas de se fazer imortal sabendo que somos finitos e de que não sabemos nada do que acontece quando se esgota o nosso tempo...

O facto de muitas vezes o ser humano ambicionar viver eternamente e de inventar a sua própria imortalidade, acaba por fazer com que seja criado um equilíbrio e uma vivência plena livre do medo face à morte.

O ser humano é o único ser vivo que sabe que vai morrer!
Por isso, é o único capaz de aspirar à imortalidade!

"Só aspira a não morrer aquele que sabe que morrerá!"
Daniel Serrão


"É a Vida!" [22]


Teremos nós medo de morrer ou de cair no esquecimento?


"É a Vida!" [21]


Mas o que é o medo?

O medo é uma emoção primária...
O medo é que permite ao animal criar estratégias neuronais de sobrevivência em relação aos seus predadores, levando-o a adequar o seu comportamento.
A imobilidade absoluta é um exemplo disso.

No Homem, determinada área cerebral elabora a emoção do medo a partir de percepções tidas como ameaçadoras para a vida.
Esta elaboração não surge através da aprendizagem. A primeira vez que uma criança vê uma cobra sente medo mesmo antes de ter percebido que esta poderia ser perigosa para si.

E como é que tudo isto é possível?
Diz-se que através de uma memória biológica passada que misteriosamente se transmite através do genoma (informação genética de cada indivíduo), onde este medo biológico manifesta-se pela presença de suor, aumento do batimento cardíaco, palidez e libertação de hormonas (como por exemplo a adrenalina e a serotonina).

Perante isto, o ser Humano é ainda capaz de transformar o medo biológico num medo consciente, onde é criada uma ideia abstracta de medo e dada uma forte conotação de angústia e sofrimento.