quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Amor isolado


Talvez não entenda para já, e talvez vocês me possam ajudar, mas não entendo o que faz alguém que vive em clausura…muito menos entendo quando isso acontece com religiosas...

No Sábado (dia 16 de Setembro) veio na “Notícias Magazine”, a revista do “Jornal de Notícias”, um artigo sobre carmelitas que abdicaram de tudo para se dedicarem a uma existência de silêncio e oração (tal como lá diz).

Li o artigo e fiquei a pensar.

Lá uma das carmelitas diz que quando tinha dez anos o pai lhe explicou que “as irmãs não estavam isoladas mas a rezar pelas pessoas”.

Eu não sei, mas no meu pequeno crescimento que tenho até aqui, tenho percebido que rezar é uma maneira de falarmos com nós mesmos e descobrirmos no nosso mais íntimo o nosso melhor, aquilo que um dia Jesus nos ensinou através do Amor e que por vezes precisamos buscar pois nem sempre se encontra à superfície. Agora entendo que rezar não é uma máquina em que se põe uma moedinha e espera-se que saia o brinde esperado, ou um poço para onde deitamos todas as nossas esperanças, sem nada fazermos para que algo se realize ou mude em nós…

E o que faz então alguém a rezar pelos outros? Passar uma Vida à espera que os outros mudem, através de orações, em clausura, penso que nunca trará alterações para o mundo e para os que nele habitam…

Podem elas mudar-se a si próprias? Acredito que sim…pensar sobre a nossa Vida e os nossos actos e opções penso que nos faz muito bem…ter aqueles momentos de silêncio tão especiais fazem bem com certeza…mas uma Vida em silêncio? Sem vir ao Sol gritar para que os outros sejam mais e ajudar quem precisa para ser feliz?

É por causa destas razões que não compreendo…dizem-se em clausura por Amor…mas o Amor não se faz sozinho…tem de ser sempre para o outro e com o outro...para se fazer algo pelo Amor tem que se o pôr em prática cá fora…não será assim?

E reparei numa frase que uma das carmelitas disse, que me mostrou que o Deus do antigo testamento ainda anda por aí…ela disse assim: “Vejo a oração como um banco. Deus é esse banco e nós depositamos nele aquilo que vivemos, aquilo que lhe oferecemos, e Ele deposita onde for mais necessário. É por aí que chegamos ao mundo inteiro”…mas como? Deus não é uma cegonha voadora que anda pelo mundo inteiro a distribuir bens (que as carmelitas lhe dão) a quem mais precisa...

O Amor é Amor…é e não precisa de nada para sê-lo…e a distribuição cabe-nos a nós fazê-la…

A mãe de uma das carmelitas diz que a filha lhe dizia que “lá fora, quem faz voluntariado, fala de Deus às pessoas e que elas no Carmelo, em oração, falavam das pessoas a Deus”…uma vez mais me pergunto…que importância tem falar das pessoas ao Amor? Falar de Amor às pessoas para que elas o possam conhecer em verdade, e o possam praticar e levar aos outros, penso que tem sentido e pode fazer a diferença...mas falar das pessoas ao Amor, não consigo entender qual o sentido e que diferença poderá fazer…

Dizem que vivem em comunidade…mas é uma comunidade fechada...um circulo fechado…
Dizem que são felizes…mas para mim, talvez seja uma opção de vida egoísta…

Sinceramente, não compreendo lá muito bem...que tipo de Amor é este...



Ps: Desculpem este tempo todo que demorei a voltar a esta nau…não foi falta de tempo...foi falta de inspiração...:P