quinta-feira, 26 de abril de 2007

Era uma vez...


Continuo aqui no blog o desafio que o meu amigo Rui me propôs...
Continuar um Caminho de Luz Pascal...



Era uma vez...

Era uma vez uma vela...

Era uma vez, uma vela de cera, decorada por toda a parte, toda brilhante e bem composta...

Era uma vez, uma vela, que vivia num quarto escuro, numa completa escuridão, e que por escolha dela, só se via a ela própria...

Era uma vez, uma vela, que possuía o umbigo maior do mundo e uns braços que só conseguiam abraçar uma única coisa...ela própria, e que nunca abraçavam mais ninguém...

Era uma vez, uma vela, que não gostava de brilhar, pois iluminar era algo que implicava ter de sair do seu cantinho escuro, do seu mundinho…

Era uma vez, uma vela, que estava tão bem com ela própria que nem reparava que existiam muitas coisas e pessoas a precisarem dela…

Era uma vez, uma vela, onde cresceu o ódio, a guerra, o egoísmo, uma vida sem objectivos…

Era uma vez, uma vela, que não sabia o que perdia por não se deixar inflamar para poder ver o que existia naquele quarto escuro...

Era uma vez, uma vela acesa, que surgiu a esta outra vela...

Era uma vez, uma vela acesa, que tentou acender esta apagada...

Era uma vez, uma vela acesa, que fracassou, pois a outra vela não estava receptível para receber aquela luz...

Era uma vez, uma vela acesa, persistente, que continuou a espera do momento certo para ensinar a outra vela a brilhar...

Era uma vez, uma vela acesa, que finalmente conseguiu inflamar a outra vela...

Era uma vez, uma vela, que estava apagada e que se acendeu...

Era uma vez, esta vela, agora acesa, que ficou maravilhada com o quarto que a rodeava...

Era uma vez, esta vela, que não se queria apagar, mas que tinha medo de ir ficando cada vez mais pequenina dado a sua cera estar a derreter-se aos poucos...

Era uma vez, esta vela, que cada vez mais ia aprendendo a ser pequenina e a viver como pequena...

Era uma vez, esta vela que iluminou muitas vidas...

Era uma vez, esta história que agora se fez...


Era uma vez, uma vela que era eu...
Era uma vez, uma vela que eras tu...
Era uma vez, umas velas que eramos nós...
Era uma vez, um mundo mais iluminado...
Era uma vez, esta história, onde todas as velas, desde que descobriram que Ele ressuscitou e que está vivo se deixaram acender, passaram a encostar-se umas às outras para passar está grande mensagem: ser Luz no Mundo e para todos...
Era uma vez, estas mesmas velas que nunca se deixaram apagar pelos ventos fortes que sopram de cima...


Era uma vez...



Convido a minha amiga Ana a continuar este desafio...


sexta-feira, 20 de abril de 2007

Voluntariado


Este texto que se segue, eu escrevi-o uma vez para um trabalho da escola...
É pena que infelizmente já não possa realizar o voluntariado como antes...
Agora só de longe a longe devido ao facto de terem surgido ao longo dos tempos alguns inconvenientes...


As manhãs de domingo começam cedo e, por vezes, a vontade de sair da cama é pouca, mas o desejo de ir fazer voluntariado supera a preguiça. Levanto-me e vou tomar o pequeno-almoço e, depois disso, preparo-me para sair de casa.

A minha mãe dispõe-se para me levar até à igreja de Gueifães, que é o ponto de encontro. Espero alguns minutos até que a minha boleia chega para me levar até ao Hospital de São João. No carro, geralmente, vão duas senhoras com idades compreendidas entre os 40 e 50 anos, duas jovens com 20 e tal anos e eu.

Pelo caminho, a conversa é indispensável e, na maioria das vezes, há gargalhadas e muitos sorrisos.

Quando chegamos ao Hospital, esperamos que alguém nos abra a cancela para podermos estacionar o carro com mais segurança no parque.

Entramos no edifício e percorremos imensos corredores, subimos de elevador, até que chegamos ao piso nove, onde se situa a capela e onde todos os voluntários se encontram para distribuir tarefas, ou melhor dizendo, para distribuir mais ou menos quatro pessoas por cada piso, para ajudar a levar os doentes que desejam assistir à celebração.

Como seria mais ou menos de esperar, há poucos jovens dispostos a fazer voluntariado, o que é pena. Acho que estes jovens fazem falta, pois como todos sabem, as pessoas mais idosas adoram sentir-se rodeadas de gente nova, pois são sinal de alegria, fazendo esquecer um pouco a dor e o desânimo.

Agora que já está tudo em ordem para começar, temos mais ou menos uma hora para convidar e trazer os idosos para a capela, pois a celebração começa as onze horas. Vamos de elevador, ou então pelas escadas, até ao piso que nos ficou destinado.

O cheiro que se sente nos corredores já é algo a que me habituei e, penso que todos os que lá trabalham ou que, tal como eu, vão fazer voluntariado, também já se habituaram a ele. Este cheiro por incrível que pareça, a meu ver, transmite claramente a ideia de doença, dor e até sofrimento. Não é como aquele cheiro que as pessoas se queixam dos hospitais, que a mim só me faz lembrar material esterilizado; é um cheiro bem mais forte e que, por vezes, chega a ser incomodativo.

Antes de começarmos, pedimos autorização aos enfermeiros do piso se podemos convidar os doentes a ir à capela. Depois da permissão dada, vamos de quarto em quarto a perguntar aos doentes se pretendem ir assistir à celebração. Por vezes, temos de esperar para poder perguntar, pois quando a porta do quarto está fechada, é sinal de que estão a fazer tratamento a um ou a mais doentes e então voltamos no final. Depois, nos quartos, deparamo-nos com vários casos: alguns doentes encontram-se a dormir; outros fazem que estão a dormir, para que não lhe perguntemos se desejam vir à capela; outros não podem porque estão à espera da família ou estão à espera da enfermeira para lhes vir dar banho, ou ainda à espera do médico para fazer tratamento; e depois há os que querem ir. Se estão de cama ou se precisam de uma cadeira de rodas, se tem uma botija de oxigénio ou se estão com soro, isso não é obstáculo. É obrigatório preencher uma ficha para cada doente que levamos à celebração para o caso de acontecer algo inesperado com o doente. Nessa ficha, temos de escrever a data, o nome do/a doente, o número da cama e do quarto e, se necessário, também existe um espaço para observações.

Depois chega a altura em que temos de confirmar com os enfermeiros se tal pessoa de determinado quarto pode sair, de acordo com o seu estado de saúde. Por vezes, os enfermeiros dizem-nos que não e quando transmitimos essa informação aos doentes, eles ficam tristes, chegando mesmo a cair lágrimas enfraquecidas pela face abaixo. Agora, ou saímos do quarto do doente deprimidos por não termos conseguido mudar a sua feição do rosto, ou então saímos de lá contentes por termos transformado lágrimas em sorrisos.

Depois de todas as autorizações dadas e das cadeiras e camas, se necessárias, estarem em ordem, seguimos com os doentes para a capela. Na entrada, entregam a folha dominical e, se necessário, existem cobertores para os doentes mais friorentos. As cadeiras ficam na fila da frente, as camas nos corredores dos lados, e os doentes que vão pelo seu próprio pé ficam sentados nos bancos da assembleia, onde os voluntários também se vão sentar e onde também se encontra o coro e elementos da família.

Durante toda a celebração, nós, os voluntários, estamos sempre em alerta para com os doentes de que estamos responsáveis. Se achamos que não estão bem, perguntamos se precisam de alguma coisa e, se necessário, levamo-los para fora da capela directamente para a enfermaria; no caso de alguém perder os sentidos, existe ao fundo da capela uma maca e uma cadeira de rodas. Os doentes que conseguem andar pelo seu próprio pé, as vezes, são convidados a participar no ofertório.

Quando termina a celebração, a prioridade para os elevadores é dos doentes que estão de pé, pois podem enfraquecer mais facilmente; depois as camas e as cadeiras de rodas.

Existe uma grande diferença nos doentes depois de saírem da capela: alguns já sentem mais força para lutar e uma alegria invade os seus rostos; outros também transmitem alguma alegria, mas vão mais calados pelo caminho até ao quarto, pois estão pensativos.

Deixamos cada doente no seu quarto e na sua respectiva cama. Desejamos-lhes as melhoras e que tenham um bom domingo e, depois, vem o gesto e a palavra mágica, pelo o qual não deixo de fazer isto: o OBRIGADO/A e o sorriso estampado e mais fortalecido.

sábado, 14 de abril de 2007

Quem faz deslizar também desliza...


Hoje vou pôr uma pequena "graça"...

Uma pequena comparação deste vídeo com a nossa vida:

É muito bom sermos a peça que desliza, mas melhor ainda é sermos a "vassourinha" que vai à frente limpando o caminho...
Se repararmos bem a "vassourinha" também anda...faz 2em1....:D

Isto tudo porque num encontro tive que agradecer à pessoa que estava ao meu lado direito...e foi pegando no exemplo deste jogo que lhe agradeci...pois essa pessoa muitas vezes ajuda-me a deslizar limpando as minhas dúvidas, sendo "vassourinha" para mim...

Obrigada a todos aqueles que aceitam participar neste jogo :D

Por vezes é difícil...


Tenho gente próxima que me esta sempre a dizer: "...até uma certa altura foste educada...agora...é uma falta de respeito..."

Fico triste, mas ao mesmo tempo gostava de conseguir entender...

Não acredito que eu falte ao respeito às pessoas só porque agora me pergunto porquê as coisas são assim e só faço aquilo que para mim tem sentido e recuso-me a seguir a mesma vida que elas...

Isso quer dizer que falto ao respeito? Só porque já não faço as coisas sem perguntar porquê e também porque agora faço as minhas próprias escolhas?

Porque já não vou agarrada atrás e mudei de caminho?

Acredito que as minhas escolhas por vezes possam magoar...mas não é de todo intenção....é difícil ir por este caminho que escolhi fazendo sempre tudo bem...

Ao mesmo tempo não posso deixar de as tomar, porque questiono-me e obrigatoriamente escolho...

E não vejo motivos para não escolher este caminho...será difícil compreender? Se me mostrassem razões para não ir por aqui, ou se me mostrassem um caminho melhor...mas não conseguem faze-lo...e porquê? Talvez porque não haja...

Eu convido: vem comigo...
Mas o convite é rejeitado...e depois diz-me: "...tu queres que eu faça tudo o que tu queres..."
Mas eu só queria um instrumento mais para poder crescer...e só queria que me ajudasse a isso...

Acredito que esta pessoa pense firmemente que eu sou convencida e que penso que um dia vou conseguir mudar o mundo...ela acha que não...mas eu prefiro continuar a acreditar que sim e a tentar, mesmo que fracasse...

E que como já me disse muitas vezes: "... tu um dia vais compreender e ver que as coisas não são assim como tu dizes..."...mas eu sei que mesmo que não sejam como eu digo eu tentarei fazê-las ser assim....convencida? Pensamentos de heroína? Penso que não...apenas uma vontade enorme de tentar mudar e fazer tudo girar com sentido...posso fracassar? Posso não conseguir? Posso...mas se não tentar nunca saberei....

Eu só gostava que está pessoa tivesse uma mente aberta para me entender...que percebesse que o caminho que escolho talvez não seja assim tão errado e que ponderasse o meu convite de vir comigo...

Eu só gostava que ela não me julgasse e que não me achasse uma pessoa horrível à face da terra ...só porque não vou por onde ela vai...

Eu só gostava que ela estivesse comigo...mesmo que não viesse comigo...que estivesse comigo...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Prato Ou Coração?


Tempo de Quaresma será um tempo em que devemos abdicar do nosso pratinho?

Ainda não consegui compreender porque insistem em dizer que o tempo de Quaresma é o tempo em que temos de abdicar de coisas boas do prato e chorar amargamente a Sua morte...

Estaremos a abdicar de coisas impuras para podermos purificar o nosso rico estômago?
Coisa que por acaso até sabemos que não vai durar muito pois passado o tempo de Quaresma lá se vai comer os coelhinhos de chocolate...

Era bom, sim, que todos aproveitassem este tempo de Quaresma para abdicar daquilo que deixa o nosso ser impuro (e não o nosso estômago) e que não fosse algo momentâneo, que apenas dura uns dias...

Era bom que conseguíssemos libertarmo-nos das coisinhas rancorosas para dar espaço a entrarem coisas carinhosas...(até rimou :P)...

No outro dia estive a ver um filme ("Chocolate") que fala precisamente disto.
Relata a história de uma região que se encontra em tempo de Quaresma e onde todos se preparam para fazer sacrifício de mesa, e não de coração...
Até que chega a essa tal região uma jovem senhora "não cristã" (mas que sem duvida sabia amar mais que todos os outros) que vem para abrir a "Chocolaterie Maya". Um estabelecimento requintado de todos os tipos e formas de chocolate.
Quando o Reverendo lá da zona soube da sua presença decidiu ordenar e meter bem metidinho na cabeça de todos os que iam à missinha que estavam proibidos de durante o tempo de Quaresma visitar o estabelecimento da tal senhora...
E é claro que foram muitos os que não resistiram...e só pelo facto de terem ocupado aquele espaço conseguiram-se libertar de tantas coisas: pelo simples facto de conversar com a dona da loja (que os ajudou em muita coisa) e pelo simples facto de "saborearem" a vida com um pedaço de chocolate...

Recomendo o filme...(e aconselho também que é melhor irem bem carregados com chocolate para a sessão se não querem ficar com água na boca...:P)

Comam muito chocolate se isso vos faz feliz!!! (mas cuidado com os excessos :P)
E aproveitem este tempo para serem MAIS...