Este texto que se segue, eu escrevi-o uma vez para um trabalho da escola...
É pena que infelizmente já não possa realizar o voluntariado como antes...
Agora só de longe a longe devido ao facto de terem surgido ao longo dos tempos alguns inconvenientes...
As manhãs de domingo começam cedo e, por vezes, a vontade de sair da cama é pouca, mas o desejo de ir fazer voluntariado supera a preguiça. Levanto-me e vou tomar o pequeno-almoço e, depois disso, preparo-me para sair de casa.
A minha mãe dispõe-se para me levar até à igreja de Gueifães, que é o ponto de encontro. Espero alguns minutos até que a minha boleia chega para me levar até ao Hospital de São João. No carro, geralmente, vão duas senhoras com idades compreendidas entre os 40 e 50 anos, duas jovens com 20 e tal anos e eu.
Pelo caminho, a conversa é indispensável e, na maioria das vezes, há gargalhadas e muitos sorrisos.
Quando chegamos ao Hospital, esperamos que alguém nos abra a cancela para podermos estacionar o carro com mais segurança no parque.
Entramos no edifício e percorremos imensos corredores, subimos de elevador, até que chegamos ao piso nove, onde se situa a capela e onde todos os voluntários se encontram para distribuir tarefas, ou melhor dizendo, para distribuir mais ou menos quatro pessoas por cada piso, para ajudar a levar os doentes que desejam assistir à celebração.
Como seria mais ou menos de esperar, há poucos jovens dispostos a fazer voluntariado, o que é pena. Acho que estes jovens fazem falta, pois como todos sabem, as pessoas mais idosas adoram sentir-se rodeadas de gente nova, pois são sinal de alegria, fazendo esquecer um pouco a dor e o desânimo.
Agora que já está tudo em ordem para começar, temos mais ou menos uma hora para convidar e trazer os idosos para a capela, pois a celebração começa as onze horas. Vamos de elevador, ou então pelas escadas, até ao piso que nos ficou destinado.
O cheiro que se sente nos corredores já é algo a que me habituei e, penso que todos os que lá trabalham ou que, tal como eu, vão fazer voluntariado, também já se habituaram a ele. Este cheiro por incrível que pareça, a meu ver, transmite claramente a ideia de doença, dor e até sofrimento. Não é como aquele cheiro que as pessoas se queixam dos hospitais, que a mim só me faz lembrar material esterilizado; é um cheiro bem mais forte e que, por vezes, chega a ser incomodativo.
Antes de começarmos, pedimos autorização aos enfermeiros do piso se podemos convidar os doentes a ir à capela. Depois da permissão dada, vamos de quarto em quarto a perguntar aos doentes se pretendem ir assistir à celebração. Por vezes, temos de esperar para poder perguntar, pois quando a porta do quarto está fechada, é sinal de que estão a fazer tratamento a um ou a mais doentes e então voltamos no final. Depois, nos quartos, deparamo-nos com vários casos: alguns doentes encontram-se a dormir; outros fazem que estão a dormir, para que não lhe perguntemos se desejam vir à capela; outros não podem porque estão à espera da família ou estão à espera da enfermeira para lhes vir dar banho, ou ainda à espera do médico para fazer tratamento; e depois há os que querem ir. Se estão de cama ou se precisam de uma cadeira de rodas, se tem uma botija de oxigénio ou se estão com soro, isso não é obstáculo. É obrigatório preencher uma ficha para cada doente que levamos à celebração para o caso de acontecer algo inesperado com o doente. Nessa ficha, temos de escrever a data, o nome do/a doente, o número da cama e do quarto e, se necessário, também existe um espaço para observações.
Depois chega a altura em que temos de confirmar com os enfermeiros se tal pessoa de determinado quarto pode sair, de acordo com o seu estado de saúde. Por vezes, os enfermeiros dizem-nos que não e quando transmitimos essa informação aos doentes, eles ficam tristes, chegando mesmo a cair lágrimas enfraquecidas pela face abaixo. Agora, ou saímos do quarto do doente deprimidos por não termos conseguido mudar a sua feição do rosto, ou então saímos de lá contentes por termos transformado lágrimas em sorrisos.
Depois de todas as autorizações dadas e das cadeiras e camas, se necessárias, estarem em ordem, seguimos com os doentes para a capela. Na entrada, entregam a folha dominical e, se necessário, existem cobertores para os doentes mais friorentos. As cadeiras ficam na fila da frente, as camas nos corredores dos lados, e os doentes que vão pelo seu próprio pé ficam sentados nos bancos da assembleia, onde os voluntários também se vão sentar e onde também se encontra o coro e elementos da família.
Durante toda a celebração, nós, os voluntários, estamos sempre em alerta para com os doentes de que estamos responsáveis. Se achamos que não estão bem, perguntamos se precisam de alguma coisa e, se necessário, levamo-los para fora da capela directamente para a enfermaria; no caso de alguém perder os sentidos, existe ao fundo da capela uma maca e uma cadeira de rodas. Os doentes que conseguem andar pelo seu próprio pé, as vezes, são convidados a participar no ofertório.
Quando termina a celebração, a prioridade para os elevadores é dos doentes que estão de pé, pois podem enfraquecer mais facilmente; depois as camas e as cadeiras de rodas.
Existe uma grande diferença nos doentes depois de saírem da capela: alguns já sentem mais força para lutar e uma alegria invade os seus rostos; outros também transmitem alguma alegria, mas vão mais calados pelo caminho até ao quarto, pois estão pensativos.
Deixamos cada doente no seu quarto e na sua respectiva cama. Desejamos-lhes as melhoras e que tenham um bom domingo e, depois, vem o gesto e a palavra mágica, pelo o qual não deixo de fazer isto: o OBRIGADO/A e o sorriso estampado e mais fortalecido.
1 comentário:
Eu voluntariei-te á força para uma coisita...
Alguém tinha de ser, e entao voluntarieiseus amigos para que as pessoas vão aos blogs deles ler coisas bonitas, eheheh.
Beijito e SHALOM
Enviar um comentário